Dois magos decidiram tentar a sorte no bar
mais pé sujo da cidade. O lendário Pé de Troll.
Pé sujo. Um bar, boteco ou algo assim com
cara de sujo, e esse tinha cara de sujo e acabado. Provavelmente o local das
ultimas palavras de algum desafortunado. Olhando do lado de fora parece que a
qualquer momento sairia alguém semimorto ou morto-vivo do bar. O dono era um
Troll de apenas um olho só, com um dos braços de madeira mais negra que a noite,
tinha varias cicatrizes de queimadura e um enorme machado de lamina dupla nas
costas... Isso ajudava muito a cara do lugar. Mas a cerveja era barata e isso
era tudo que importava essa noite.
Ao entrar a
surpresa. O lugar cabia umas 100 pessoas, mas tinha umas 200 garotas, lindas,
de todas das universidades ou dos colégios próximos. Trinta rapazes dentro e
muitos e muitos do lado de fora, conversando e bebendo. O Troll atendia a todos
com um grande sorriso, mas impedia alguns rapazes de entrar. As canecas voavam
sozinhas, ou melhor eram regidas por duas damas, uma de manto verde que ficava
na penumbra, como se observando o salão e uma jovem...
O
mago negro havia sido paralisado por uma feiticeira ruiva baixinha. Que encantava
canecas de cerveja.
Mago de Metal: Meu amigo você gosta de
viver perigosamente...
O mago negro continuava
distraidamente olhando para uma das feiticeiras garçonetes. Era ruiva, cabelos
longos, um vestido menor que minha vergonha e um sorriso mais provocante que
meu mal humor.
Mago Negro: Não
fiz nada ainda. E porque diabos tem uma arvore no meio da taverna?
Mago de Metal:
Porque a esposa do troll é uma dríade. Nunca ouviu falar da lenda do Troll
obstinado e da Driade raivosa? Bem se eu fosse você leria aquilo.
Uma cerveja = 12
reais.
Uma cerveja, por
favor, = 6 reais.
Boa noite, por
favor, uma cerveja = 1 real.
Mago Negro: Ele é
um piadista? Com aquela cara, quem diria... A esposa dele é uma dríade?
Mago de Metal: Não, acho que ele não sabe
o que é uma piada mesmo que ela o mordesse. E sim a esposa dele é uma dríade. O
bar foi construído ao redor da arvore. Na verdade foi construído para
protegê-la. E eu falei para ler o que estava escrito abaixo.
Não mecha com as garotas ou será banido
Não abra livros ou será banido
Não use magia ou será banido
Não mexa com Dina, ou será espancado, esquartejado,
picado, estuprado, queimado e enforcado. E devolvido a sua família. Afinal somo
civilizados!!!!!
Mago Negro: Quem é Nina?
Mago de Metal: A filha dele.
Reza a lenda que um dia um Troll se
apaixonou por uma dríade. A rainha da floresta. Antiga, sábia. A arvore dela
era a maior da floresta, uns cinquenta andares ou mais. Antiga, nobre. A alma da
floresta. Não havia dríade mais forte. E logicamente ela dispensou. A dríade
era mais antiga que o mais remoto dos antepassados do Troll.
Ele voltou no outro dia, e no outro, e no
outro e assim por anos e anos, mais anos que a vida dos tolos humanos, sempre
ao amanhecer. Dizem que ela dava uma fora diferente nele a cada dia. Todos
conheciam a história e os espíritos, animais, insetos vinham apreciar. Sempre
uma resposta diferente, sempre um não! Dizem que sempre uma poesia.
Então os homens chegaram à orla da
floresta. Com presentes para as fadas, com oferendas aos deuses, com truques e sortilégios.
O Troll liderou seus irmãos. Prepararam as armas e esperaram. Mesmo assim todos
os dias ele vinha. Todo amanhecer uma nova poesia. Um novo não. Mesmo quando
eles mostraram sua face maligna, mesmo quando a guerra iniciou.
Aquele Troll, não era o maior, não era o
mais forte, e mesmo assim era o primeiro a matar e o ultimo a recuar. Ele
lutava contra exércitos, contra magos e cavaleiros. Ele lutou liderando seus
irmãos. Ele lutou quando os espíritos recuaram, ele lutou quando os Trolls
desistiram e no fim ele lutou sozinho. Mais calma já chego lá.
Nos anos finais daquela guerra apenas díades,
que ligadas as suas arvores não poderiam fugir, apenas deuses que mesmo fracos
estavam ligados aos seus rios, seus bosques, ficaram ao seu lado.
Um dia a floresta pegou fogo, o maior dos incêndios.
E o Troll ficou correndo até o rio e trazendo água. Trolls temem o fogo, mais
que vampiros temem a luz. E mesmo assim ele voltou e defendeu a arvore de sua
amada do fogo. No fim ele estava quase morto, ele tinha pegado fogo e
desesperado ainda levava água para sua deusa. Mesmo perdendo um olho, mesmo
quando seu braço caiu, mesmo quando estava se arrastando com todo seu corpo coberto
pelo fogo, ele ainda se preocupava apenas com a dríade. O deus do rio vendo tal
cena usou de seus últimos poderes e lhe concedeu um desejo. E nosso simpático dono
desejou salvar a arvore. De toda aquela imensa floresta, Apenas essa arvore
sobreviveu aquele incêndio. Dizem. Veja bem. Dizem que a arvore andou. Digo A dríade
não poderia se distanciar de sua arvore, então ela fez a arvore andar para
salvar aquele pé fedorento.
Levou anos para nosso amigo acordar. E ela
o cuidou e continuou declamando poesias a cada amanhecer. Ele estava bem mais
para lá que para cá e não se engane fogo é uma das poucas coisas que machucam
Trolls.
Perto da arvore começou a surgir uma cidade e
o Troll finalmente acordou. A dríade, como se nada tivesse acontecido,
continuou a declamar poesias ao amanhecer e dizer não e, além disso, o expulsou
de sua clareira, como não havia mais
floresta era uma clareira bem grande. Ele continuou a vim todos os dias, a cada
e todo amanhecer. Quando os humanos quiseram derrubar a arvore o Troll negociou
com eles e se tornou proprietário dessa terra e defensor da cidade. O grande herói
dos espíritos tornou-se um vil mercenário. Ele traiu os espíritos, traiu sua
honra, ele traiu seus irmãos, ele traiu até mesmo a sua dríade que o odiou. Ele
traiu a todos para salva-la.
Te amar é
trair a tudo que me cerca... A todos que me amam
Mais não te
amar. Não te amar é trair a mim mesmo
A cidade cresceu e chegou até as terras do
Troll. E uma tenebrosa doença estava preste a vencer nossa dríade...
Um dia ela notou que o esperava a todo
amanhecer. Não havia mais arvores mais florestas, ou animais, sequer espíritos.
Todos seus súditos, amigos, conhecidos se foram, fugiram ou morreram, mas
aquele maldito teimoso Troll, continuava e até onde o vento lhe contou, para
outra, nesses mil anos, ele nunca olhou... E ela passou a espera-lo. Um dia ela
disse que queria a musica e a vida uma ultima vez. Que em breve a tristeza a
levaria para junto de seus entes. Que a tristeza a estava matando... Que em
breve ela o abandonaria.
O Troll. Pensou. E pensou. E com um
machado voltou.
Mago de Metal: Sim. Trolls costumam pensar
com o machado.
Um machado e muitos magos. Ela aceitou o
destino. Ser morta por aquele que por eras a amou. Não era um modo tão ruim de
morrer...
Eles cortaram muitos galhos. Arraçaram
muitas folhas deram formas aos galhos mortos, moldaram a madeira. E aos poucos
onde havia uma imensa arvore quase morta, surgiu uma taberna completamente feita
de madeira e folhas. Em seu centro havia uma arvore, bem menor, ainda sim uns cinco
andares. Uma taberna. O pé de Troll. Teve até casamento na inauguração.
Mago Negro: Por que pé de Troll?
De repente, como que para responder a
pergunta um mago é expulso da taberna e recebe um pé na bunda.
Mago de Metal: Mesmo com aquele machado ele
usa o pé. A esposa dele não gosta de sangue.
Mago Negro: Então a ruivinha?
Mago de Metal: Meio dríade meio Troll...!
E se chama Dina
O Mago negro se levanta e vai em direção a
Mago de Metal: O que diabos vai fazer?
Mago Negro: Ser espancado, esquartejado, picado,
estuprado, queimado e enforcado. Depois devolvido a minha família. Afinal os
donos são civilizados!!!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário